A Amiloidose TTR

Amiloidose Hereditária

Há uma gama extensa de doenças chamadas de amiloidoses. Nelas, uma proteína normal solúvel forma depósitos de fibras insolúveis no tecido extracelular, causando disfunções nos órgãos e tecidos.
 
A Polineuropatia Amiloidótica Familiar é uma amiloidose rara, que foi descoberta em 1939, em Portugal, e divulgada ao mundo em 1952 pelo Dr. Corino de Andrade. Em 1978, Pedro Pinho Costa descobre que as fibrilas de proteína amiloide são formadas pela pré-albumina mais tarde denominada como transtirretina (TTR). Em 1984, a Dra. Maria João Saraiva descobriu que a substituição da Metionina pela Valina na posição 30 da proteína transtirretina (TTR) a Val30Met ou V30M, era a causadora dessa doença. Por ser causada pela proteína transtirretina, é chamada também Amiloidose Relacionada àTranstirretina ou simplesmente Amiloidose por TTR / Amiloidose Hereditária (que é o termo correto).
 
A transtirretina é uma proteína solúvel de vida curta que circula no plasma sanguíneo e no líquido cérebro-espinhal, sendo uma das proteínas responsáveis pelo transporte da tiroxina e da vitamina A.
 
A TTR é sintetizada pelo fígado (mais de 95%) e pelo plexo coroide e, em menor quantidade, na retina. Ela tem a forma de um tetrâmero com 4 subunidades idênticas de 127 aminoácidos cada. O seu gene é localizado no braço longo do cromossomo 18 (18q12.1) (176300) e contém 4 éxons.
 
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As mutações desestabilizam a TTR, tornando-a insolúvel e suscetível à formação de fibras amilóides, que se acumulam em diversos tecidos do corpo humano, afetando principalmente o sistema nervoso periférico e autonômico.

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Até os dias de hoje foram identificadas cerca de 120 mutações diferentes da proteína TTR, sendo que a maioria causa amiloidose. Para saber mais clique aqui.
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A mutação da TTR mais comum é a V30M (Val30Met – substituição da metionina pela valina na posição 30) e por ser o professor doutor Corino de Andrade o divulgador pioneiro da doença, ela é conhecida como Amiloidose Hereditária do tipo português ou Doença de Corino de Andrade.
 
Em Portugal é chamada simplesmente de Paramiloidose ou Doença dos Pezinhos. Esta mutação representa aproximadamente 85% dos casos totais de amiloidose por TTR.
 
A Amiloidose Hereditária é representada pelo CID-10 E85.1, ORPHA85447 e OMIM 105210, nos seus respectivos sistemas internacionais de classificação de doenças.
 
É uma doença genética, portanto hereditária, autossômica e dominante, sendo assim, o filho do portador dessa doença tem 50% de chance de ser portador também.
 
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A idade de início dos sintomas, os órgãos afetados e o curso da doença variam, dependendo do tipo de mutação.
 
Por ser uma doença neurológica, é altamente incapacitante, dolorosa e degenerativa, que afeta geralmente pessoas jovens em idade em que já tiveram filhos, acarretando um grave problema social. 
 
Se não tratada, atinge os membros inferiores e superiores, leva à invalidez permanente em alguns anos e é fatal em média após 10 anos do início dos sintomas.
 
É importante enfatizar que a Amiloidose Hereditária não atinge apenas o físico do doente. A situação que o indivíduo enfrenta o afeta terrivelmente na parte psicológica. 
 
A vivência da doença se desenrola em três momentos: a doença que foi presenciada num dos pais (num passado mais ou menos remoto), a doença que atingirá ou já atinge o próprio indivíduo, e a doença que pode atingir ou também já atinge os seus filhos.
 
Ao enfrentar essa realidade, pode haver uma fase aguda de negação da doença, entremeada por períodos de revolta, aceitação, angústia, ansiedade, depressão, insônia, sobrecarga emocional etc.
 
Galeria de imagens sobre amiloidose:
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